Retorno às atividades presenciais somente com o ciclo vacinal completo contra a COVID-19!
Recentemente foi aprovado pelo Conselho Diretor do CEFET-MG o Plano de Retomada das Atividades Presenciais. Em 23/07/21, a Prefeitura de Belo Horizonte publicou um decreto que autoriza a retomada das aulas presenciais do Ensino Médio. O Plano de Retomada incide sobre atividades suspensas, que não podem ser realizadas remotamente, e sobre atividades que podem, apenas parcialmente, ser realizadas de forma remota. As aulas não são objeto do Plano, ainda que já esteja vigente o decreto municipal que autoriza sua realização nas dependências físicas da Instituição.
Nesse contexto, a Assembleia Docente do CEFET-MG, reunida em 28/07/21, reafirmou seu posicionamento de condicionar o retorno às atividades nas dependências físicas da Instituição somente quando toda sua comunidade tiver sido alcançada pelo ciclo vacinal completo contra a COVID-19! Este não é o quadro atual. Em que pese a queda no número de novos casos e principalmente de óbitos, os patamares ainda são muito elevados, podendo subir rapidamente à medida que houver um aumento expressivo da circulação de pessoas no caso de retorno às aulas presenciais. O Brasil já registrou 27 casos da variante Delta, em sete estados, segundo levantamento feito pela CNN com as secretarias estaduais de Saúde, em 15/07/21. A variante Delta tem transmissibilidade 97% maior do que a cepa original do coronavírus (1).
Estudos mostram que, mesmo que a taxa de óbitos por COVID entre adolescentes seja pequena, é a COVID, entre diversas doenças incluindo o câncer, aquela que mais tem tirado a vida de adolescentes, principalmente os portadores de outras morbidades que se agravam com o advento da COVID (2). Também não existem ainda estudos conclusivos sobre as inúmeras sequelas deixadas pela COVID, em casos graves e curados, nos adolescentes (3).
Reconhecemos com clareza a importância fundamental das aulas presenciais e consideramos essencial o seu retorno tão logo o ciclo vacinal da comunidade institucional se complete. A dimensão social da educação é indispensável e é impossibilitada pelo ensino remoto, que tem uma precariedade insuperável.
Mas esse prolongamento desastroso do período de interrupção das aulas presenciais não é nossa responsabilidade. Nunca paramos de trabalhar. Não interrompemos as atividades de pesquisa, de extensão, de gestão e de ensino, na modalidade remota, que, além de ser insuperavelmente precária, intensificou substancialmente o trabalho docente. Esse quadro é responsabilidade do governo federal, que não comprou vacina no devido tempo. Além disso, há fortes indícios de que o negacionismo científico, triste marca desse governo, tratou-se de uma cortina de fumaça para ganhar tempo e fazer negociatas na compra dos imunizantes, a despeito de tal desonestidade implicar o genocídio em curso, com mais de 550 mil mortes por COVID! Essa postura caracteriza nitidamente uma política de morte, cuja denominação é necropolítica!
Nós não podemos ser responsabilizados pela sabotagem das medidas de controle da pandemia. Queremos muito voltar a interagir com nossos alunos nas dependências físicas da Instituição, realizar com plenitude nosso trabalho de educar. Mas com segurança, não apenas para nós, docentes, mas para todos os que trabalham nas escolas: para os estudantes, seus familiares e para toda a sociedade brasileira, que não pode ser submetida a mais uma onda de casos de COVID e colapso do atendimento hospitalar.
Afirmamos nosso compromisso com o(a)s estudantes para superar os impactos negativos decorrentes de tanto tempo sem aulas presenciais. Para que elas retornem o quanto antes, o processo de vacinação precisa avançar amplamente e com celeridade, as medidas preventivas de uso de máscaras adequadas, higienização e sanitização das mãos com álcool em gel e distanciamento físico devem ser assimiladas por toda a população. Ou seja, tudo aquilo que o atual governo corrupto e genocida não fez e não apoiou!
Mas a sociedade é maior que esse governo e, apesar dele, com a força do SUS e dos movimentos sociais organizados, vamos vencer a pandemia e criar as condições efetivas para o retorno das aulas nas dependências físicas das escolas, incluindo o CEFET-MG. Mas ainda não é o momento!
Sigamos a luta em defesa da vida e da educação pública de qualidade socialmente referenciada, como direito de todas e todos e dever do Estado!
Diretoria e Conselho Deliberativo do SINDCEFET-MG.
30/07/2021.
(1) https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/07/17/estudo-aponta-que-variante-delta-e-a-mais-contagiosa