Parecer técnico elaborado pelo pesquisador Lucas Ferrante, biólogo do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
O Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino – SINDIFES, a Seção Sindical dos Docentes do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – SINDCEFET-MG e o Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco – APUBH contrataram um parecer no qual são abordados indicadores epidemiológicos através de modelos epidemiológicos do tipo SEIR- (Susceptíveis – Expostos – Infectados – Recuperados) para Belo Horizonte, municípios da Região Metropolitana e Montes Claros. Sua finalidade foi verificar se este é o momento mais oportuno para o retorno escolar presencial de servidores e alunos e as implicações do retorno da UFMG e do CEFET-MG na dinâmica epidemiológica dos municípios avaliados.
Dentre os resultados do parecer, destacamos:
- Os modelos SEIR multicepas (Delta e Ômicron) apontam para a manutenção dos indicadores da pandemia com iminente recrudescimento frente a um novo aumento da mobilidade urbana no mês de fevereiro para os dez municípios avaliados, Belo Horizonte, Betim, Contagem, Lagoa Santa, Montes Claros, Nova Lima, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano, apesar dos índices de vacinação. Mediante novas flexibilizações e aumento da mobilidade urbana, projeta-se um novo aumento do número de casos, podendo também impactar a média de óbitos por COVID-19 observados nos municípios avaliados.
- No atual contexto, atividades como o retorno às aulas presenciais ou híbridas deveriam ser retomadas com cautela e de forma escalonada, além de seguir recomendações técnicas de segurança epidemiológica avaliando o risco do aumento da transmissão viral na comunidade, dadas as atuais taxas de vacinação. Desta forma, recomenda-se que tal retorno ocorra apenas no mês de março, mediante acompanhamento da situação epidemiológica dos municípios e condicionado ao passaporte vacinal para alunos, servidores e visitantes nos campi das Instituições.
- Em uma simulação com limiares de quase 100% da cobertura vacinal completa, o que inclui a dose reforço para toda a comunidade acadêmica da UFMG e CEFET (discentes, docentes e técnicos administrativos), não se observaria aumento da transmissão comunitária para nenhum dos dez municípios avaliados apesar do aumento da mobilidade urbana. O que demostra a proteção da comunidade acadêmica pela vacina e o imperativo de se exigir a comprovação do esquema completo de vacinação para se frequentar e permanecer nas dependências físicas da Instituição.
- A disponibilização de máscaras com padrão de eficiência comprovado para a proteção contra o coronavírus, tanto para alunos como servidores e funcionários terceirizados, sendo os modelos recomendados PFF2 e N95, é um protocolo sanitário indispensável. Destaca-se que outras universidades de Minas Gerais já aderiram a esta medida, como a Universidade Federal de Juiz de Fora.
- A suspensão de uma turma ou setor, após a confirmação (mediante testagem) de três indivíduos (alunos ou servidores) positivados em um período menor ou equivalente a 10 dias é outra medida fundamental para evitar um surto local e consequente aumento da transmissão comunitária.
Uma observação importante, colhida em discussão do parecer com o pesquisador Lucas Ferrante, é que, em uma condição de declínio da pandemia com toda a comunidade vacinada, é possível flexibilizar o número de pessoas em uma sala de aula. Com os números da pandemia fora do controle a nota recomenda 10 pessoas por sala de aula, usando máscaras adequadas.
Vale a leitura da nota na íntegra: Parecer técnico UFMG e CEFET