NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN EM APOIO À GREVE DA(O)S ESTUDANTESE À PARALISAÇÃO DA(O)S DOCENTES DA USP
A Diretoria do Andes-SN manifesta seu apoio à greve da(o)s estudantes da Universidade de São Paulo (USP), iniciada em 21 de setembro de 2023. Destacamos especialmente a mobilização vigorosa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), assim como a crescente adesão de diversos cursos no campus do Butantã e nos campi do interior.
É incontestável que a(o)s estudantes são afetada(o)s pela crônica escassez de docentes na universidade. A ausência de professora(e)s, sem dúvida, prejudica de maneira significativa a formação da(o)s estudantes em várias unidades acadêmicas da USP, abrangendo não só os cursos na capital paulista, mas também outros do interior como Biblioteconomia e Ciências da Informação (BCI) e Pedagogia, ambos ministrados pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), cursos de Terapia Ocupacional e Nutrição, ofertados pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), além de outros de unidades como Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ), Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo (FAU), Enfermagem (EE), Engenharia Ambiental, Física e Produção na Escola de Engenharia de Lorena (EEL), além da já mencionada FFLCH, estão em situação crítica com queda do número de docentes que varia entre 20 e 50% em relação à 2014.
A USP conta com um déficit de mais de 1000 docentes, com redução de 17,56% do seu quadro desde 2014, ao mesmo tempo em que aumentou a oferta de vagas para estudantes, cursos e produção científica. A atual política adotada pela reitoria da USP, que prevê a contratação de apenas 879 docentes até 2025, está longe de ser suficiente para recuperar as perdas acumuladas ao longo dos anos, sem contar as saídas naturais que continuarão a ocorrer.
É imperativo que a Reitoria da USP leve em conta as legítimas demandas da comunidade estudantil, que vivencia diariamente os efeitos dessa carência nas salas de aula. Essas demandas não podem ser ignoradas em favor de outros interesses, como concursos públicos altamente competitivos e meritocráticos para contratação de docentes, privilegiando unidades que historicamente já gozam de vantagens em seus quadros docentes, em detrimento de outros cursos com maior carência de professores(as). A qualidade na educação superior depende de um corpo docente suficiente e qualificado, o que requer a recomposição do quadro docente, a criação de novas vagas e a reabertura de concursos, todas pautas historicamente defendidas pelo Sindicato Nacional no âmbito das Instituições de Ensino Superior (IES).
Outra demanda crucial do movimento estudantil da USP diz respeito às recentes alterações implementadas no Programa de Apoio à Permanência Estudantil, incluindo o fim do teto de concessão de bolsas e o aumento do valor dos benefícios. Essas mudanças impactam diretamente na vida da(o)s estudantes e devem ser consideradas e revistas pela reitoria da USP.
Manifestamos, ainda, nosso apoio à paralisação da(o)s docentes deliberada em assembleia da Adusp-S.Sind. em 26/09/23, em evidente apoio à mobilização estudantil. A paralisação se estenderá até o dia 2/10, quando nova assembleia ocorrerá para decidir sobre indicativo de greve.
A Diretoria do Andes-SN reafirma seu compromisso com a luta da(o)s estudantes da USP e está na luta por uma educação pública, gratuita, inclusiva, de qualidade e socialmente referenciada. Uma luta constante contra a hegemonia neoliberal e privatista, por uma universidade pública que atenda verdadeiramente aos interesses da(o)s trabalhadora(e)s